Termo geralmente associado aos interesses expressos por gigantes tecnológicas de expandir a Internet para os O3B – “outros três bilhões”, um plano de incluir pessoas pobres do sul global na Internet que pode estar encobrindo planos de expansão dos recursos humanos do capitalismo cognitivo. A iniciativa do Facebook, por exemplo, de se aliar às empresas de telecomunicação de países do sul global para oferecer acesso grátis à seus aplicativos é apontada por alguns como problemática, por dar prioridade aos conteúdos e dados transmitidos pela rede social californiana e associados. Com tal argumento, a iniciativa do Facebook foi banida na Índia, ao contrário da África onde foi largamente aceita.
Alguns acadêmicos, assim, problematizam a questão apontando a tentativa de um “colonialismo digital”. Deepika Bahri, professora da Universidade de Emory especializada em estudos pós-coloniais, enumera semelhanças que existem entre o discurso do Facebook e o modus operandi próprio do colonialismo. Segundo a investigadora, nos dois casos a estratégia aponta para se apresentar como um salvador, ocultar motivações de longo prazo, justificar os benefícios parciais como algo que termina sendo melhor que nada e acusar os críticos de ingratidão. O engenheiro e ativista indiano Kiran Jonnalagadda estabelece, por vez, um paralelismo entre a extração de recursos naturais no período colonial e pós-colonial com a captura de dados em grande escala realizada pelas empresas multinacionais da área de tecnologia e redes sociais.
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