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  • Foto do escritorRuy Cézar Campos

[Glossário] Animismo


Capa do livro Cyborg Manifesto, de 1985, autoria de Donna Haraway.

O animismo é, como escreveu em carta Viveiros de Castro para Donna Haraway, a única forma sensível de materialismo. Nas ciências, o termo foi cunhado pelo físico e químico Georg Erns Stahl para descrever a especificidade da matéria viva em face das coisas não vivas (BORCK, 2012, n.p.).


Seu sentido moderno e mais popular, todavia, é relacionado ao antropólogo Edward Burnett Tylor, que o usou para caracterizar uma visão de mundo não discriminante entre as matérias vivas e as não vivas, e que acredita em uma animação universal da natureza. O professor de Estudos Africanos da Universidade de Cape Town Harry Garuba (2012, n.p.) argumenta que o que antes era considerado como um erro, subdesenvolvimento cognitivo ou falha epistemológica, agora tem crescentemente ganhado atenção discursiva e se tornado objeto de investigação intelectual, além de plataforma de ação política.


Garuba sugere que o animismo seria assim um “outro espectral” que ao mesmo tempo constitui e assombra a episteme moderna, usado no contexto do modernismo colonialista como um receptáculo metafórico para tudo que seria uma negação da modernidade.


Garuba coloca que se o conhecimento científico das ciências não-humanas se devota ao estudo do mundo material através de protocolos metodológicos e práticas que primeiramente envolvem a limpeza dos objetos de todos traços simbólicos e de significados atribuído pelos “outros”, a própria identidade da ordem de conhecimento científico se constitui através do que exclui, tanto em termos de normas, quanto em termos de discurso e protocolos de enunciação. Sua aproximação com modos de conhecer animistas se refere, assim, a uma tomada de posição epistemológica em relação ao mundo que se caracteriza por múltiplas camadas de relacionabilidade.


REFERÊNCIAS

BORCK, Cornelius. Animism in the Sciences Then and Now. e-flux Journal #36. 2012. [https://www.e-flux.com/journal/36/61266/animism-in-the-sciences-then-and-now/]. 2012

GARUBA, Harry. On Animism, Modernity/Colonialism, and the African Order of Knowledge: Provisional Reflections. e-flux Journal #36. 2012

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