Previamente, o medo era entendido como estado efetivo vivenciado a partir de circunstâncias limitadas ao enquadramento de eventos temporais localizáveis, como guerras, epidemias, desastres naturais, tiranias. Para Paul Virililio, todavia, hoje o medo é mais que um estado afetivo: é um ambiente.
Em um mundo de aceleração através de tecnologias de informação de distribuição global imediata, Virilio crê que o medo é um ambiente mesmo em tempos de paz: o mundo vive entre a ideologia da segurança e a ideologia da sanitarização do espaço de vida pública. Essas ideologias surtem o efeito de ocuparem os espaços (inclusive o espaço do corpo) instaurando uma fisicalidade do medo, levando-nos à claustrofobia, pânico, crises de contágio econômico e pandemias que se disseminam tão rápido quanto informação da velocidade da fibra ótica.
Assim, o medo é um ambiente de solidez temperamental, política sem polis, bomba informacional, ondas eletromagnéticas, afetos privatizados ainda que socializados, claustrofobia em massa, implosão planetária.
Referência
Virilio, Paul. The Administration of Fear. MIT Press. 2010.
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