Cabos submarinos e dessalinização na Reunião de Antropologia do Mercosul
- Ruy Cézar Campos

- 14 de ago.
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Em agosto participei da Reunião de Antropologia do Mercosul apresentando uma pesquisa sobre os cabos submarinos e a usina de dessalinização do Ceará.

Oceano Infraestrutural: Cabos Submarinos e Dessalinização, Conectividade e Crise Hídrica na Praia do Futuro
Ruy Cézar Campos Figueiredo (UFF)
A Praia do Futuro, em Fortaleza, tornou-se recentemente palco de um conflito entre infraestruturas hídricas e de telecomunicações. Reconhecida como hub de cabos submarinos no Atlântico Sul, o local foi escolhido, a partir de 2017, para sediar a primeira usina de dessalinização voltada a "evitar o colapso hídrico" de uma capital brasileira. Entre 2017 e 2023, a Companhia de Águas e Esgotos do Ceará - Cagece realizou viagens técnicas, audiências públicas e avançou nos trâmites legais do projeto. A partir de 2022, no entanto, empresas operadoras de cabos submarinos passaram a se posicionar contra a obra. Em 2023, a Anatel emitiu parecer contrário, citando riscos às redes digitais, e o caso ganhou fervorosa visibilidade pública.
Propõe-se analisar, aqui, como o oceano emerge simultaneamente como território de extração hídrica e infraestrutura de conectividade global. Inspirado na antropologia das infraestruturas (Star, 1999; Larkin, 2013) e nos estudos sobre a governança das águas (Anand, 2017; Helmreich, 2009), abordo como diferentes atores – Estado, empresas e agências reguladoras – disputam material e simbolicamente o controle sobre as águas oceânicas. Além disso, penso nos imaginários suscitados pelo conflito a partir de práticas de base etnográfica em redes sociais, análise documental e observação de debates técnicos e públicos. Aponta-se, assim, para como esses conflitos reconfiguram formas de governança, inteligibilidade e percepção infraestrutural sobre o oceano.



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